
Não há dúvida que o desafio para os adultos que ingressam num processo de RVC de nível secundário é grande, como grande é o “sonho que nos promete o possível e se intromete com a própria vida e delega nela a sua solução”, como diria Pessoa (Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Lisboa, 2006).
Não menor é a parada a que me proponho, como formadora, convencendo-os a reconhecer nesses sonhos, e nessas vidas, proficiências que têm de validar, que tenho de validar. Reconheço-me neles, eu própria, por vezes, também, como personagem desse mesmo percurso.
Muitos têm, apesar de tudo, descoberto com alguma celeridade, o ressarcir das maiores angústias, quando iniciam um retorno ao Passado, quando se deixam projectar numa identidade que depressa reconhecem e reequacionam, quando começam a recuperar capacidades dissimuladas pelo tempo que deixaram passar.
É aqui que o sonho, que nos promete o possível, delega na vida a sua solução.
Maria de Fátima Botão (Formadora de Cidadania e Profissionalidade)